O futuro é uma das palavras mais
comuns na mensagem política que transporta uma imensa carga positiva. É em nome
dele que as batalhas políticas se travam, é com os olhos postos nele que são
utilizadas as palavras mais belas do vocabulário político. Palavras como
horizonte, progresso, conquista, geração, confiança, ideal e esperança.
2019 tem de ser o regresso ao
caminho para um futuro melhor e por isso é fundamental que os políticos
abdiquem, de referir no seu discurso a ideia de um futuro sem esperança, por
mais que a ação do governo os possa para aí remeter.
2018 trouxe uma governação da
“geringonça” com show off permanente, que visava agradar a todos. No entanto não
conseguiu satisfazer os interesses das muitas corporações que foram sendo
inundadas de promessas mil, nem dos portugueses em geral.
O roubo de Tancos; os incêndios em
Monchique; falhas graves na saúde; Borba; queda do Helicóptero do INEM; falhas
graves na segurança; greves na saúde, educação, justiça, transportes, Policias,
Finanças, Bombeiros Voluntários; a carga Fiscal mais alta de sempre e a dívida
pública em máximos históricos, são muitos dos sinais de um caminho errado e sem
futuro.
Temos um País em “cruise control”
à espera das eleições, sem criar alarido o que revela um futuro com pouca
esperança para uma democracia que precisa de alternativas credíveis. Neste
campo 2018 revelou alguma timidez, mas 2019 promete que o receio do suposto conflito,
que advém da defesa de posições e projetos diferentes, seja definitivamente
posto de lado.
Negar a natureza conflitual da
política é negar a sua essência. Esta negação transforma a unanimidade numa
hipotética virtude e num dogma real. 2019 tem de ser o ano em que romper
consensos e apresentar projetos alternativos, se torne um imperativo nacional,
mas sempre com o propósito de conquistar a governabilidade porque primeiro está
Portugal.
Este imperativo define-se
assumindo a diferença entre a maneira como se faz política e aquela como se
deveria fazer. Quem não fizer o que é “costume” para, em contraponto, fazer o
que “tem de ser feito”, ajudará seguramente Portugal a derrubar as barreiras do
imobilismo, da estagnação e da resignação. Mas é preciso coragem e essa está ao
alcance de poucos.
As rupturas e os conflitos
corajosos têm sempre riscos associados. Porém os portugueses esperam que alguns
políticos possam recorrer ao sábio legado milenar do general chinês Sun Tzu,
que defendia no seu clássico, A Arte da Guerra, que, “A vitória está reservada
para aqueles que estão dispostos a pagar o preço.”
Em 2018 o governo de António
Costa conseguiu, de forma hábil, um conjunto de condições que lhe asseguraram a
governabilidade. A solidez interna à conta de promessas adiadas
consecutivamente; o voto de confiança dos partidos à sua esquerda que fingem
nada saber, mas em tudo participam; e o apoio do Presidente da República em
nome da estabilidade que é sua responsabilidade. Sem este cenário a ação
política da “geringonça” estaria condenada ao fracasso.
O ano de 2019 tem de ser o ano
onde a alternativa procure motivar, estimular, e dar esperança aos portugueses.
Numa estratégia assente na expressão imortalizada pelo nosso Rei D. João II (o
Príncipe Perfeito), que referiu que, “há tempos de usar o olhar da coruja e
tempos de voar como o falcão”. 2019 deve ser o ano de voar como falcão.
É crucial assumir de vez a
eficácia da “Realpolitik”, que significa a adequação da política à realidade. Este
novo ano é o do futuro e esperança, que valorizará o pragmatismo estratégico
dos líderes políticos, mais preocupados com a eficácia da sua nobre ação – que
coloca primeiro Portugal - do que com o cumprimento de directrizes partidárias
ou de objetivos de médio e longo prazo que visam, exclusivamente, a
sobrevivência política.
Em 2019 mobilizar energias,
motivar vontades, fazer ruturas nuns momentos e revelar dotes conciliadores
noutros, será a grande prova dos líderes políticos com futuro.
Para António Costa os indicadores
têm sido positivos, mas isso não é necessariamente bom para o futuro de
Portugal. António Costa move-se no terreno dos que visam, exclusivamente, a sua
sobrevivência política e isso nem sempre é compatível com o interesse de
Portugal.
Mas por mais indicadores
positivos que se queiram injetar nunca é demais lembrar que as eleições não se
ganham nem se perdem por antecipação, ao contrário do que alguns comentadores e
jornalistas tendem a vaticinar, proclamando a inevitabilidade de uma vitória do
Partido Socialista.
Não é aceitável que se trate o
eleitorado com essa presunção e desdém, mesmo se admitirmos que a oposição se
encontra numa posição difícil, o que é uma realidade subjetiva. Em 2015 o
eleitorado deu uma lição de Democracia aos fazedores de opinião, no entanto
alterou-se para sempre o panorama político e as regras parlamentares. Esperemos
agora que 2019 possa retificar o erro histórico e recoloque Portugal no caminho
do Futuro.
Como ironizava o escritor
norte-americano, Ambrose Bierce, “o futuro é o único reduto do tempo em que
tudo corre bem”, e para Portugal o Futuro começa hoje!
Artigo publicado on-line no Jornal Público:
https://www.publico.pt/2019/01/03/politica/opiniao/2019-futuro-comeca-hoje-1856439
Artigo publicado on-line no Jornal Público:
https://www.publico.pt/2019/01/03/politica/opiniao/2019-futuro-comeca-hoje-1856439