No passado domingo assistimos a dois momentos marcantes. A beatificação de dois papas e a vitória do Benfica. E em ambas as situações podemos observar duas estratégias de associação que não consigo deixar de referir.
Duas figuras públicas associaram-se de forma brilhante a estes acontecimentos, Francisco Assis e Marcelo Rebelo de Sousa.
Na primeira situação, Francisco Assis, já claramente em campanha, decide ir assistir ao jogo de acesso à final da Taça da Liga, Porto vs Benfica. Decide, como figura pública que é, assistir ao jogo na tribuna de honra do FC Porto, ao lado direito do Pinto da Costa.
O que poderá conseguir com isto?
Para além de ver um "show de bola" do Benfica, que ganha mais uma vez com 10 jogadores em campo, consegue associar-se de forma magistral a mais uma derrota do FC Porto, bem como, cultivar todos os atributos positivos que a figura do Pinto da Costa traz consigo (situação a que a vasta massa associativa do FCP é sensível).
Por outro lado, uns minutos mais tarde, no mesmo canal, assistimos ao comentário de Marcelo Rebelo de Sousa, feito em direto do Vaticano.
Vemos o comentador, que ainda não está em campanha, associar-se à beatificação do Papa João Paulo II e do Papa João XXIII.
Marcelo Rebelo de Sousa, que é uma figura nacional, vai ao Vaticano, sujeita-se às filas de milhares de pessoas, incluindo aos empurrões dos Polacos, para ver no meio da multidão a cerimónia de beatificação de dois Papas marcantes para o Sec. XX, um responsável pelo Concílio Vaticano II (João XXIII)e o outro com uma ligação particular a Portugal e a Fátima (João Paulo II).
Apesar de ainda não ser candidato, Marcelo Rebelo de Sousa, associa-se a um momento importante da Igreja Católica e acaba por transmitir uma mensagem a que 76,9% da população portuguesa é sensível(percentagem dos portugueses que se assumem como católicos).
Olhando bem, parece ridícula esta comparação, não por se tratarem de eleições distintas, ou por um ainda nem sequer ser candidato, mas por se tratarem de situações diametralmente opostas, em que um associa a si atributos positivos, como a humildade e a devoção cristã (a que 76,9% da população é sensível), e o outro consegue o oposto, associando-se à presunção da tribuna de honra, a uma espetacular derrota do FCP e ainda, qual cereja no topo de bolo,ao Pinto da Costa (situação a que 6.000.000 de benfiquistas são particularmente sensíveis).
Não sei o que passou pela cabeça da malta do Assis, mas no fim de contas acho seguro assumir que se tratou de um típico erro de casting, onde Assis apenas escolheu o Papa errado.