Embora não perceba o propósito de
terem Le Pen como convidada numa Convenção onde a tecnologia e a comunicação
associadas à Web são o propósito, verifiquei que a onda de choque nas redes
sociais e nos média foi equivalente a um 7.5 na escala de Richter.
Os representantes da esquerda - a
extrema e a tradicional - levantaram a voz e indignados apelaram aos mais
básicos princípios do Totalitarismo. Silenciar, calar, banir, excluir, impedir
e atacar.
Infelizmente assistimos a este
exercício de demagogia e desonestidade intelectual por parte daqueles que, por
ausência seletiva de memória, tentam branquear as visitas, em 1998 e 2000, do
Ditador Cubano, Fidel Castro, recebido com honras de estado por António
Guterres.
Falamos dos mesmos que esquecem a
aprovação, pela esquerda parlamentar, de um voto de pesar pela morte de Fidel
em 2016, onde referia que era “Uma
referência incontornável que consagrou a sua vida aos ideais do progresso
social e da paz”, pasme-se.
Será aceitável termos injeções de
intolerância dos mesmos que, em silêncio e com vénias, viram José Sócrates
receber em 2008 o seu “Bom amigo” Hugo Chavez, Presidente da Venezuela e um dos
mais duros ditadores que perduraram no século XXI?
Mas ainda temos o paradigma da
falta de bom senso que é omitirem a visão de Sócrates aos abracinhos a Khadafi,
que foi mais um dos Ditadores que ainda resistiu no século XXI e que os
moralistas desta esquerda (in)tolerante consideravam um parceiro fundamental
para Portugal.
Fazem ruído mediático para
rejeitar a participação de uma representante da extrema direita francesa num
evento privado. Mas, em contrapartida, veneram alguns dos maiores ditadores da
história considerando isso um sinal de elevação e maturidade intelectual. Que mau
exemplo para a democracia.
Os que fazem este ruído nunca
devem ter lido o Tratado sobre a tolerância, obra que François Marie Arouet,
filósofo francês mais conhecido por Voltaire, publicou em 1763. Se tivermos
como base a intolerância o que nos pode esperar não é a convivência pacífica
entre indivíduos que pensam de forma diferente, mas sim a divergência
permanente.
Não se vencem os adversários com
intolerância, calando-os, banindo-os ou excluindo-os. Só se pode vencê-los, ouvindo-os
e enfrentando-os em debate para assim desmascarar as suas contradições, expor
as suas fragilidades, denunciar o seu populismo e arrasar os seus valores
desvirtuados.
Não nutro nenhuma simpatia pelas
ideias que defende Marine Le Pen. Mas nutro ainda menos simpatia pelos “donos”
da moralidade, esses intolerantes que inundam o nosso panorama político e vagueiam
pela nossa comunicação social, tentando fazer e influenciar a opinião.
O antídoto para combater estes demagogos
é precisamente a tolerância com o recurso a outro princípio básico da
democracia…permitir que usem da liberdade de expressão.
Como dizia Voltaire: “Não
concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até à morte o vosso direito
a dizê-las.”
Artigo Publicado no Jornal Público de 18 de Agosto de 2018: