terça-feira, 30 de agosto de 2016

Pior cego é o que não quer ver



Chegamos ao final de agosto e temos a noticia de que a dívida pública portuguesa subiu para os 131,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre, acima dos 128,9% registados no final de 2015, segundo dados do Banco de Portugal. Estes dados são também confirmados pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), o que não deixa margem para qualquer dúvida.

A dívida pública estimada no primeiro semestre terá atingido, em termos absolutos, os 240.100 milhões de euros, um acréscimo de 8700 milhões de euros face ao final de 2015.

No Programa de Estabilidade 2016-2020, o atual Governo comprometeu-se com uma redução da dívida pública para os 124,8% este ano, um objetivo que está 6,8% abaixo do valor registado na primeira metade do ano. Também quanto ao crescimento, a previsão do Governo que era de 1,6%, falhou redondamente atingindo apenas 0,8%.

Para agravar o cenário macroeconómico temos a agência canadiana DBRS a alertar para a possibilidade de rever o “rating” de Portugal, o que colocaria o país numa situação muito fragilizada. Recordo que uma descida do “rating” para o nível “lixo”, por parte da DBRS, fará automaticamente com que as obrigações soberanas de Portugal deixem de ser elegíveis para a compra do Banco Central Europeu (BCE). Ou seja, deixamos de ter acesso ao financiamento, por via da aquisição de dívida soberana que o BCE vem fazendo. 

Começa a ficar claro que a estratégia defendida pelo atual Governo não está a dar resultado. A inversão de reformas chave, a implementação de medidas que aumentam a despesa (sem a respetiva compensação de acréscimo de receita), o estímulo ao consumo como solução (falhada) para a revitalização da economia (que tem aumentado o endividamento das famílias), o aumento de impostos indiretos (exemplo dos combustíveis), as alterações ao IMI que agravam ainda mais a tributação, a manutenção da taxa do IRC (prejudicando as empresas e retraindo o investimento privado), consubstanciam, factualmente, o fracasso da atual política económica e financeira do Governo.

Por mais que venham os partidos que suportam o Governo referir que estamos no caminho certo, a inevitabilidade dos resultados negativos não deixa margem para populismo barato. Até as melhores previsões sobre a dívida pública do FMI e OCDE de 128,9% do PIB e a previsão da Comissão Europeia de 126% do PIB foram já ultrapassadas e ainda vamos a meio do ano.

António Costa estará a preparar uma estratégia para encarar a negociação do Orçamento de Estado de 2017, que poderá culminar na demissão do Governo, garantindo assim eleições antecipadas enquanto ainda goza de alguma popularidade.

Catarina Martins, por seu turno, já está a ensaiar o discurso de rutura e revela-nos agora (pasme-se o descaramento) que se arrepende todos os dias de fazer parte da geringonça. Também Jerónimo de Sousa já veio avisar que dificilmente aprovará um Orçamento que traga mais constrangimentos “à classe trabalhadora”.

Ora, só falta mesmo uma oposição que comprove aquilo que as evidências têm feito. A forma envergonhada como se apresentam alternativas são demasiado confrangedoras. Não bastam as evidências de que o anterior Governo estava a garantir mais estabilidade económica, financeira e (a médio prazo) social. É necessário apresentar de novo um projeto alternativo, adaptado às novas realidades e sem receio de algumas mudanças.

Este é o tempo de começar a preparar uma alternativa credível para apresentar aos portugueses em contraponto à atual política da geringonça. Depois dependerá da escolha dos eleitores.
Diz o ditado popular que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Para reforçar este sábio ditado deixo aqui uma reflexão que define claramente a gravidade da situação atual.


Com este Governo a dívida pública cresce 1,4 milhões de euros por hora e 33,6 milhões por dia. Só não vê quem não quer.


Artigo publicado no Jornal Económico OJE:

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

No navio militar português, Álvares Cabral, 22 flexões por dia!

http://www.tsf.pt/sociedade/interior/-forcas-armadas-pedem-flexoes-a-civis-5357473.html
em homenagem a quem têm uma profissão de risco.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Impeachment de Dilma Rousseff na etapa final


Senado em Brasília inicia hoje, 25 de agosto, o julgamento de Dilma: 54 votos a favor determinarão o afastamento definitivo  da sucessora de Lula da Silva.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Da última vez a culpa foi da empregada ucraniana, qual será a razão desta vez? #putinatwar #putin






Parece que o Putin resolveu reacender o conflito na Ucrânia (Lê mais aqui e aqui), talvez aproveitando os desentendimentos na Europa com o Brexit, ou mesmo facto de acreditar que pode vir a ter um aliado de peso nos Estados Unidos, caso o Trump ganhe.

A verdade é que quando se substituiu à comunidade internacional no combate ao DAESH na Síria, houve uma diminuição da animosidade contra o Putin, que tinha surgido com a sua intervenção na crise da Ucrânia. Agora, parece que ele começa a tentar capitalizar com isso.

Veremos como reage a Europa... (ou o que resta dela)

Já escrevi sobre a crise da ucrânia aqui, aqui e aqui.






segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A Sovietização de Portugal



Em plena “silly season” quase tem passado despercebida mais uma fase da campanha de “Sovietização” de Portugal, levada a cabo pelo atual Governo e pelos partidos que o suportam.
Desde o aumento dos combustíveis (como se só os ricos tivessem carros) ao aumento do IMI para quem tem mais sol (mesmo para quem vive em Porto Brandão e Trafaria), passando pelas “bolas de Berlim”, até à banalização da promiscuidade entre governantes e empresas privadas (como se pagar viagens a secretários de Estado fosse normal), todos temos estado sujeitos à “Sovietização” estando sob o efeito placebo provocador de uma dormência generalizada na sociedade portuguesa.
Hoje, se consumimos somos tributados. Se trabalhamos somos pesadamente tributados. Se acumulamos poupança consideram-nos ricos, portanto, somos tributados. Se adquirimos casa própria somos ricos, portanto, somos tributados.
O Governo descobriu uma nova classe de ricos. São os mais de 75% de portugueses que têm casa própria. São os 50% de portugueses que têm automóvel. São os cerca de 25% de portugueses que fumam. São os cerca de 25% de portugueses que consomem pelo menos uma bebida alcoólica por dia. São os cerca de 25% de portugueses com seguros de saúde privados.
Importa recordar que o PS nas legislativas de 2015 obteve 1.747.685 votos. Ou seja, aqueles que têm levado a cabo a “Sovietização” de Portugal representam bem menos do que os 7,5 milhões de portugueses com casa própria; do que os 5 milhões de portugueses que têm automóvel; do que os 2,5 milhões que fumam; do que os 2,5 milhões que consomem álcool (moderadamente), e bem menos do que os 2,5 milhões que têm seguros de saúde privados.
Desta análise estamos a excluir ainda as nossas empresas e, principalmente, as PME que representam mais de 80% do nosso tecido empresarial e que têm visto serem agravadas as tributações às mais diversas atividades, além do eterno e pesado IRC.
O processo de “Sovietização” em curso parece querer o regresso ao modelo falhado do “socialismo real” aplicado na antiga União Soviética, que defendia o controlo económico e social através do poder musculado. O resultado final foi o paradigma do falhanço socialista.
Este processo tem também nuances do modelo cubano onde o estado, teoricamente, se apresenta como popular, socialista, defensor dos interesses dos trabalhadores e distribuidor da riqueza. Os resultados de Cuba são também um bom exemplo da miséria do socialismo com caracter totalitarista.
Mas o mais bizarro na “Sovietização” em curso são os traços do modelo venezuelano. É evidente no discurso da geringonça a defesa da política de estímulo ao consumo interno que no caso venezuelano teve o resultado de uma inflação brutal. Outro traço comum ao regime venezuelano é a despreocupação quanto ao equilíbrio da balança comercial, traduzindo-se isso num aumento das importações. Este desequilíbrio levará a um estrangulamento da iniciativa privada e, com isso, à diminuição do peso do setor privado, reduzindo o investimento e baixando a capacidade produtiva, aumentando o desemprego e, por consequência, a pobreza.
Afinal, o que nos tem trazido este processo de “Sovietização”? Temos mais desemprego (dados do INE); aumentou a dívida publica pelo 4.º mês consecutivo (dados do BdP); as exportações estão em queda (dados do INE); a poupança está em valores negativos, algo que não sucedia desde 1995 (dados do INE); o investimento cai pela 1.ª vez desde 2013 (dados do INE); a confiança dos consumidores voltou a cair (dados da CE); a atividade económica está com valores negativos, algo que não sucedia desde 2013 (dados do BdP). E a tudo isto ainda devemos acrescentar o aumento do número de famílias sobre-endividadas, resultado do estímulo ao consumo apregoado pelo Governo (dados da DECO).
Afinal, estamos pior e parece que a “Sovietização” que o Governo quer impor está a condenar Portugal ao fracasso. Até lá, veremos se escrever um artigo de opinião não passará também a pagar imposto.


Artigo publicado no jornal económico OJE

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Justiça Fiscal???

Sem qualquer tipo de demagogia...
Justiça fiscal???


Aqui vemos um fiscal das finanças a multar um vendedor de bolas por não passar fatura. A ordem vem do Secretário de estado dos assuntos fiscais, Rocha Andrade. 

O mesmo secretário de estado que ordenou a fiscalização dos vendedores de bolas de berlim parece que aceitou um presente de valor elevado de uma empresa (GALP) com a qual o estado tem uma disputa fiscal.

Esperemos que seja condenado a pagar, no mínimo, a mesma multa que o vendedor de bolas de berlim.

Claro que o mais "justo" para os vendedores de bolas ( e para os contribuintes) seria o secretário de estado demitir-se.
Por muito menos vimos João Soares, empurrado por António Costa, demitir-se. 

Veremos se existem consequências.