Partilho convosco a transcrição de uma carta de um Lisboeta, que recebi por e-mail, dirigida ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa...
“Nos termos da Lei 83/95, e do
artigo 52 da Constituição, os subscritores incitam o actual Presidente da
Câmara de Lisboa a "promover a prevenção, a cessação ou a perseguição
judicial das infracções contra a saúde pública, os direitos dos consumidores, a
qualidade de vida, a preservação do ambiente e do património cultural".
Não é isso o que tem acontecido desde maio de 2016, momento em que se iniciaram
um conjunto diversificado de obras ao mesmo tempo, nos mais diferentes locais,
causando o caos na circulação rodoviária da cidade. Vemos que a cidade vive
hoje uma situação caótica e absurda de obras sem sentido, ou que não têm
sentido definido, ao sabor da cabeça de alguns vereadores da Câmara, que assim
vão lentamente sabotando a vida das pessoas que precisam de trabalhar. Somos
cidadãos preocupados com o que se está a passar de forma incompreensível e
vimos assim lançar um alerta ao Presidente da Camara que ninguém elegeu como
tal, mas que agora é Presidente e ‘governa’ a cidade sem critério.
Temos estado sob um ataque
cerrado a todos os que utilizam viatura para as suas deslocações já que os
transportes públicos continuam a funcionar mal. Estamos perante um estado de
emergência não declarado contra os lisboetas e perante a surpresa deste plano
megalómano de obras que incluía inicialmente também a famigerada arborização da
Av. General Norton de Matos (2ª.Circular), felizmente cancelada. Dizem-nos que
isto foi obra de paisagistas e ambientalistas, sem consulta dos especialistas
da mobilidade geral, mas com a aprovação e o apoio do Presidente Medina. A
verdade é que as obras continuam por todo o lado e já excederam os prazos de
conclusão, tornando a época de natal num calvário.
Não são estas obras dispensáveis?
São todas elas úteis?? Trata-se de resolver problemas essenciais, relativos a
uma emergência pública? Ou está em causa uma infra-estrutura vital, a instalar
ou reparar (água, gás, eletricidade, fibra ótica, etc.)? Na verdade, nada
disso. O que aparece como justificação primordial para a quase totalidade dos
trabalhos é a criação de "passeios mais amplos e confortáveis" e
"mais ciclovias". E, como se pode começar a ver, passaremos a ter
ruas mais estreitas, em que a circulação de veículos será mais difícil, mais
lenta, mais arriscada. O trânsito vai fluir menos e o consumo de combustíveis
aumentar.
O caso mais exemplar é o chamado
Eixo-Central e em especial o da Avenida da República.
Será que já viu bem o que a
Câmara de Lisboa anda a fazer nessa Avenida?
Suprimiu inúmeros lugares de
estacionamento. Onde havia lugares em número razoável, permitindo o
estacionamento em espinha oblíqua, de um lado e doutro da via, encontramos
agora uma verdadeira aberração.
Vejamos então:
- a via de circulação de duas
faixas deu lugar a um estreito ‘carreiro’ com uma única faixa;
- ainda em Entrecampos o passeio
junto ao muro da antiga Feira Popular, que já era bastante largo, e onde se
situam as entradas para a passagem subterrânea e para o METRO, passou a ser
ainda mais largo sem que se veja necessidade para tal, a menos que queiram pôr
um parque de bicicletas ou algo do género...
- o estacionamento no sentido do
Saldanha passou a ser paralelo (em linha), o que, para além de reduzir o número
de lugares disponíveis, torna mais demorado o acto de estacionar, exigindo uma
manobra de marcha-atrás ; e como só há uma faixa de circulação, quem vem atrás
que espere ... os táxis já não querem circular nessa ultra estreita faixa;
- não foram previstos ‘refúgios’
para largada e tomada de passageiros à porta dos hotéis, nem para descargas de
medicamentos junto às farmácias e, pior, no caso de clinicas que recebem
doentes o local reservado para paragem das ambulâncias é do outro lado da via e
não junto ao passeio…. uma completa aberração…
- como é que as ‘novas’ laterais
da Avenida da Republica vão permitir agora a passagem de carros dos bombeiros
quando um carro normal quase não tem espaço para circular.??? O Regimento de
Sapadores Bombeiros fez uma vistoria de segurança e aprovou este modelo??
É inadmissível que as faixas
laterais da Av. da República tenham sido transformadas em autênticas veredas de
uma aldeia do interior. Numa cidade de sete colinas não se pode generalizar a
ciclovia. Nem a saúde pública, nem o tempo calculado de viagem, nem a
mobilidade exigida, nem a configuração da cidade o aconselham. Alargaram-se
passeios estupidamente, construíram-se ciclovias em todos os lados, pensando
que o povo trabalhador em Lisboa poderá ir de bicicleta para o trabalho, e
reduziu-se estupida e drasticamente os espaços de circulação e estacionamento.
Absurdo e inacreditável!
Não é só criando corredores
ciclo-pedonais ou plantando nova relva e alguns arbustos nos espaços subtraídos
à circulação viária que se melhora o ambiente.
O ambiente somos todos nós e isso inclui, além dos peões, todos os que
não dispõem de viaturas oficiais para, com ou sem motorista privativo, poderem
aceder a corredores especiais de circulação e a parques de estacionamento
privativos dessas entidades, mas pagos por todos nós.
Há muitos anos tivemos em Lisboa
um Presidente eleito, Krus Abecassis, que também decidia só pela sua cabeça e
concordou com a demolição do emblemático edifício do Monumental para aí se
construir um ‘mamarracho’ vulgaríssimo de gosto duvidoso; também mandou colocar
uns bancos de cimento monstruosos no meio da Rua da Carmo, não obstante os
alertas para a dificuldade que originava na passagem dos carros de bombeiros,
como ficou dramaticamente demonstrado durante o incêndio de 1988... o terrível
incêndio do Chiado agravado pela impossibilidade verificada de passagem dos
carros de bombeiros mais pesados na Rua do Carmo, situação que deve agora ser
insistentemente recordada.
Tudo o que tem sido feito em
matéria de trânsito é um primado de incompetência e de total falta de
consideração pelos utentes! Não há a mínima consideração pelos munícipes que
votam e vivem na cidade. Muitas das obras são de gosto duvidoso e utilidade
nula ou mesmo negativa (tornam a situação pior do que estava) …e sempre feitas
à custa do dinheiro dos contribuintes…embora a maioria não concorde com estas
obras.
Do pior centralismo que já se
viu! Os ‘senhores’ da Câmara detestam que os munícipes tenham liberdade de
escolha e outorgam-se o direito de escolher por nós. Porque se acham donos da
coisa pública, atitude típica dos seguidores dos princípios da ‘velha
esquerda’. Estes ‘monopolistas’ das ideias autárquicas prejudicam seriamente a
vida a todos os utentes das vias públicas, desrespeitando completamente aquilo
que já existia (e as razões por que existia) e sem qualquer justificação nem
demonstração do mérito as mudanças que se propõem fazer e seus custos, e mesmo
assim pretendem ir a votos nas próximas eleições. Ignorar as queixas dos
utentes são um sério sintoma de autismo, próprio de quem já se deixou encantar
pelo poder, seja ele eterno ou furtivo.
Os partidos da dita oposição e o ACP têm
aqui (em Lisboa) muita matéria para mostrar serviço, sem esquecer o espaço de
manobra do atual PR e seus afetos. Estes ‘senhores’, eleitos ou não, estão no
poder, chegaram à administração do município e acham que são donos da cidade
para fazer o que bem entendem, regra geral em prejuízo da vida das pessoas...
Não basta ‘reclamar’, é preciso ‘não’ votar neles nas próximas autárquicas. É
necessário denunciar vigorosamente todas estas aberrações e estimular as
candidaturas daqueles que se comprometam a reverter esta situação.
Em complemento, há que denunciar também outra
enorme aberração, que é a recente proibição de circulação no bairro entre a Rua
Artilharia 1 e a Rua Castilho! Foram colocados sinais de transito proibido, exceto
a ‘transito local’ que restringem a ‘entrada’ no bairro onde há um Liceu
nacional e um grande Hotel!! Uma malha de ruas quadrículas deveria servir para
desembaraçar o transito...! Esta gente que decide na CML detesta a liberdade de
escolha, até do trajeto de um utente da via!!!”
Assim vai Lisboa…Mal!