Incompreensível como esta ex-ministra,
condenada a três anos e seis meses de prisão com pena suspensa, por prevaricação de titular de cargo político, ainda se considera em condições de fazer declarações políticas como esta.
Mais difícil ainda é perceber como é que o CNE decide convidá-la para "cabeça de cartaz" de um seminário sobre educação, quando o seu saldo como ministra deu nisto:
Parque escolar - a
Festa resultou em centenas de milhões de euros esbanjados em apenas metade das escolas inicialmente projectadas.
Novas oportunidades - ao
"oferecer" qualificações e certificações, acabou por retirar valor a todos aqueles que estudaram e se esforçaram para obter as suas qualificações.
Prevaricação no Cargo - pagou 220 mil euros ao irmão de Paulo Pedroso para que este coordenasse um grupo de trabalho, que nunca realizou qualquer actividade, ou entregou qualquer documento.
Tenho respeito por David Justino, embora não concorde com muitas ideias dele (as recentes propostas do CNE para combater a retenção merecem mais reflexão, mas
foram uma boa tentativa de lançar algum tema relevante no debate político) , mas prefiro acreditar que este convite não tenha sido da sua autoria ou responsabilidade, e que não tenha relação com
as notícias que surgiram sobre as negociações entre o PS e PSD sobre a sua eventual substituição à frente do CNE em 2017.
O que o CNE conseguiu de positivo ao lançar propostas concretas para a discussão pública, desfez agora ao contaminar o debate dando protagonismo a uma figura ferida na sua idoneidade, refém das suas opções do passado, que se aproveitou do momento para fazer uma "prova de vida pública". Não foi o Seminário do CNE que retirou da participação de Maria de Lurdes Rodrigues algum saber ou prestígio, mas foi ela própria que se aproveitou da legitimidade que lhe foi conferida pelo CNE, para contaminar o debate político.
No dia 13 de Abril de 2015, o CNE prejudicou e muito a sua própria imagem, mas sobretudo a missão que pretende cumprir e o lugar que pretende ocupar no espaço público nacional.