quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O Parlamento português já passa atestados

Esta semana o Parlamento decidiu alterar o sistema de registo de presenças. Esta necessidade surgiu no seguimento de várias situações de falsas presenças reportados na comunicação social.

Há anos que o Parlamento tem institucionalizado um sistema de registo de presenças falsas, por parte dos deputados.

E há várias justificações:


  1. O argumento funcional - a presença de todos é muitas vezes essencial para garantir o número mínimo de deputados, necessário para aprovar ou chumbar uma proposta; 
  2. O argumento financeiro - as senhas de presença representam um acréscimo significativo ao ordenado do Deputado.
  3. O argumento parvo - de que os Deputados não devem ter faltas pois são eleitos (apesar de não ser por eleição unipessoal) e por integrarem um órgão de soberania.

Todos os argumentos têm como fundo o facto do trabalho parlamentar ser muito mais que a presença nas Sessões do Parlamento, e este facto parece-me incontestável. Mas, isto não pode servir de argumento para não se cumprir a Lei.

Tanto o argumento funcional como o financeiro não fazem sentido, pois no primeiro o problema está na responsabilidade, ou falta dela, de cada deputado e na necessidade de se repensar a forma como se vota no parlamento e no cuidado a ter na escolha das listas de cada partido. O segundo argumento cai num campo ainda mais perverso, o da fraude para se obter um benefício financeiro do Estado.

O argumento parvo na realidade é tão parvo como os outros dois pois indicia que a Lei está mal feita e que deveria ser alterada. E o Parlamento é o sítio certo para se fazer essa alteração.

Enquanto a Lei existir como está, a permitir a marcação de faltas aos deputados e a permitir que os partidos votem em grupo, os Deputados não podem atuar de outra forma que não seja a de cumprir a Lei.

Qualquer que seja o argumento, aquilo que o Parlamento está  a transmitir, quando permite a institucionalização da fraude na marcação de presenças, é que a Lei não é para cumprir e que pode ser contornada à medida de cada um. O Parlamento transmite a ideia de que um deputado não tem de dar o exemplo e que não precisa ser responsabilizado.

Enquanto a Lei existir na forma como existe, o Parlamento só tem uma saída possível, a introdução de um sistema que garanta que é realmente o deputado a registar-se. E a única forma de o conseguir, sem cair no descrédito, é por intermédio de um processo biométrico. Qualquer outra solução, como a que agora propõem, a de acrescentar mais um popup e mais um click é passar um atestado de estupidez ao eleitor, conseguindo ao mesmo tempo transferir mais votos para os partidos dos extremos e do populismo.

Na forma como o parlamento está a propor o registo de deputados até a sra. da limpeza pode registar a presença de um deputado.



2019 o ano do futuro

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Novo Paradigma de Liderança

Portugal entre a Crise e a Pneumonia

A malta nunca está contente


Olhando para Lisboa com alguma memória, é difícil não concordar que foi o alojamento local que levou à recuperação do edificado, que tantos anos nos envergonhou. Por isso, fico perplexo quando dou por mim a ouvir alguma malta criticar o alojamento local e o turismo. 

O argumento obviamente que é o aumento do preço das casas, mas eu também me lembro daqueles que criticavam os prédios a cair de podre e a necessidade de forçar os senhorios a recuperar esses prédios. 

A malta nunca está contente.  




 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Todas as decisões têm um lado positivo...

voto favorável do PSD à moção de censura do CDS é uma opção boa para todos os partidos com assento parlamentar: 

O PSD - Demonstra coerência e bom senso, pois não tem complexos em alinhar com o CDS naquilo que os une. Não fica com o ónus de ter perpetuado o Governo e dá início à sua campanha eleitoral. Por outro lado, ajuda a colar o PS à esquerda, polarizando o voto em ano de eleições, facto que no limite poderá ajudar aquele que continua a ser o maior partido da oposição;

O CDS - Marca a agenda e força o maior partido da oposição a alinhar. Deixa claro que a Assunção também pode vir a conseguir uma coligação;

O PS - Os votos favoráveis do PSD e do CDS vão forçar o BE e a CDU a demonstrar o seu apoio à geringonça. Em ano de eleições, esta demonstração de apoio enfraquece o BE e a CDU enquanto partidos à esquerda do PS, o que pode reforçar o sentido de voto no PS.  

A CDU - Apesar de entalado, pode dissociar-se dos Verdes (que já anunciou votar contra a moção) e apostar na diferenciação do PCP, enfraquecendo o BE e assumindo-se como a verdadeira opção à esquerda do PS. 

O BE - Assume o apoio ao Governo e deixa claro o quanto merece integrar o próximo governo.

O PAN - talvez consiga trocar o seu voto por alguma alteração legislativa.

O PSD+CDS representam 107 votos, o PS precisa do BE+PEV para chegar a este valor, bastando o voto do PAN para chumbar a moção. O PCP pode por isso abster-se.