A democrata-cristã alemã Ursula
von der Leyen conseguiu, no passado dia 16 de julho, o feito histórico de se
tornar a primeira mulher a presidir à Comissão Europeia. Este é mais um passo
importante para acabar com a clivagem existente entre homens e mulheres na
liderança de topo, em cargos públicos e privados.
O género não deve ser um fator
para determinar se uma pessoa pode ou não ser um grande líder. As habilidades
de liderança de uma pessoa devem depender de suas forças individuais, traços de
personalidade e qualidades pessoais.
No entanto, em muitos casos, as
mulheres não são encorajadas a assumir papéis de liderança com a mesma
frequência que os seus colegas homens, contribuindo para um desequilíbrio nos
cargos de poder.
As mulheres são tão qualificadas
quanto os homens e começa a ser cada vez mais difícil entender a disparidade
entre cargos de liderança atribuídos a mulheres e homens.
As mulheres nem sempre percebem o
quanto estão preparadas para o sucesso em papéis de liderança, mas o seu
potencial e as suas habilidades são inegáveis e equivalentes às dos homens (sendo
em muitos casos até superiores).
Convivo diariamente com 4
mulheres extraordinárias – a minha mãe, a minha mulher e as minhas duas filhas
– e todas elas me fazem ver, de uma maneira ou de outra, que liderar no
feminino e em pé de igualdade com o masculino, é o caminho do futuro.
Com base nas mulheres da minha
vida reconheço que elas valorizam o equilíbrio entre vida pessoal, escolar e
profissional com muito sentido de responsabilidade.
Aliás eu revejo-me inteiramente
na citação da empresária Rita Rivotti, que diz que: “Ser mãe é um trabalho bem
mais exigente do que gerir uma empresa”, e desta realidade eu não tenho dúvida
enquanto Filho, Marido e Pai.
As mulheres são capazes de
equilibrar as habilidades de liderança profissional e pessoal tornando mais
fácil as abordagens de um pedido pessoal ou até uma pergunta sensível. As
mulheres valorizam o desempenho profissional, mas têm sempre a preocupação de
garantir, para si e para as suas equipas, o equilíbrio entre a vida pessoal e
profissional.
Entre muitas outras qualidades na
liderança, as mulheres concentram-se no trabalho em equipe e demonstram
consistentemente paixão, entusiasmo e uma imensa capacidade de servir e ser
servidas por outras pessoas. Tenho a
profunda convicção que com as mulheres a partilhar cargos de liderança o
ambiente é menos autoritário, mais cooperativo e mais familiar.
As mulheres também são grandes
líderes, por outro factor fundamental. São por natureza multifacetadas e têm a
capacidade de responder de forma decisiva e rápida a tarefas e problemas
simultâneos e diferentes, sendo esta forma de agir uma componente crítica para
uma liderança bem-sucedida.
As mulheres também são motivadas
por desafios como os homens, mas diferenciam-se na capacidade de se assumirem
como as eternas solucionadoras de problemas criativos motivados por obstáculos,
quer de natureza familiar, quer de natureza profissional.
Outra qualidade chave no feminino
é a forma como lidam com situações de crise. Muitas mulheres, especialmente
mães, são cuidadoras inatas e sabem lidar com situações de crise em casa com
compaixão, generosidade e muita paciência.
Estes atributos tornam-se muito
relevantes quando uma mulher líder é confrontada com situações de crise e são
uma mais valia enorme. As mulheres equilibram carreiras e famílias. As mulheres
gerem, ajustam e concentram-se em soluções.
As mulheres desafiam as
probabilidades quando falamos de liderança. Fazem-no desde sempre, para
combater os estigmas sociais impostos que menorizam as mulheres e tentam
enfraquecer a figura feminina.
Quando alguém tem mais
dificuldades em se impor, é preciso um empurrão extra para chegar ao topo. É por
isso que as mulheres que emergem no topo são extraordinariamente fortes e
capazes, porque tiveram que lutar muito mais que um homem para lá chegar.
Mas a qualidade que mais me
apaixona nas mulheres da minha vida é uma enorme capacidade para sonhar. As mulheres
transformam aquilo que poderíamos considerar pouco positivo numa liderança - onde
o foco deve ser regra - numa arte de acreditar que os sonhos se tornam
realidade.
A capacidade inata de sonhar
alto, desafiar suposições e inspirar equipes permite às mulheres traduzir
grandes ideias em ação e resultados concretos. Desta forma gerem as suas
famílias e as suas carreiras e é desta forma que devemos querer que assumam a
liderança do futuro a par dos homens.
A liderança no feminino é
fundamental e o equilíbrio entre homens e mulheres deve ser o único caminho a
seguir nesta matéria tão sensível. Rejeito radicalismos masculinos e femininos
de qualquer ordem, respeitando, no entanto, a diversidade de opiniões.
Artigo publicado no Jornal i, a 19-07-2019:
https://ionline.sapo.pt/artigo/665551/-as-mulheres-da-minha-vida?seccao=Opiniao_i
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