A menos de 3 meses das eleições
autárquicas, o ruído em volta das candidaturas e candidatos começa a aumentar.
Convém relembrar que o PS detém
150 câmaras municipais das 308 espalhadas pelo território nacional detendo por
isso a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
Para o PS a vitória nas autárquicas só pode ser reconquistar a ANMP.
O mesmo critério deve aplicar-se
ao PSD, como, aliás, já o admitiu o próprio líder do partido em várias ocasiões
e sem que qualquer social-democrata, esteja ou não mais ligado a Passos Coelho,
tenha discutido essa premissa.
Nesta matéria os Socialistas
partem em vantagem, mas nunca é demais lembrar que as eleições não se ganham
nem se perdem por antecipação, ao contrário do que alguns comentadores e
jornalistas tendem a vaticinar, proclamando desde já a inevitabilidade de uma
vitória do PS.
Não é aceitável que se trate o
eleitorado com essa presunção e desdém, mesmo se admitirmos que a oposição
social-democrata se encontra numa posição difícil, o que é uma realidade subjetiva.
Mas é preciso considerar que em
Portugal não são os diretórios partidários que se submetem a eleições. Antes
dos diretórios estão as estruturas locais que têm sabido afirmar-se ao longo de
mais de 40 anos de Poder Local.
No caso do PSD, excluindo os
erros de casting óbvios do líder e do coordenador autárquico, as estruturas
locais, salvo “Leais” excepções, submetem a eleições mulheres e homens que
acreditam que podem fazer algo melhor pelas suas populações e que são herdeiros
de uma obra incontornável nas freguesias, vilas e cidades de Portugal, no
continente e nas regiões autónomas.
Os autarcas escolhidos que se
entregaram ou vão entregar a esta difícil missão em nome do PSD têm nas suas
mãos o futuro de um partido chave da democracia portuguesa e essencial do poder
local, enquanto primeira entidade a velar pelas populações.
À falta de energia e de
estratégia ganhadora que a liderança manifestamente revela, cabe aos autarcas
um esforço redobrado para garantir o único resultado aceitável que é a vitória
em termos de câmaras e freguesias.
É um fardo pesado que
infelizmente não se pode partilhar com todos. Mas, é preciso dizer agora, que
conquistar mais câmaras do que o PS e sobretudo assegurar a liderança da
Associação Nacional de Municípios não é uma missão impossível.
Neste momento chave os autarcas
precisam de um Partido inclusivo, representativo e não de um Partido sectário,
populista e maniqueísta como, por vezes, se tem visto.
É essencial concentrar esforços
nas eleições autárquicas, deixando de lado um discurso que não tem adesão à
realidade e uma retórica que vagueia entre o Diabo e os Reis magos.
Importa deixar de lado também a
demagogia, o populismo e a falta de vergonha de quem vê na desgraça alheia 64
oportunidades de sucesso mediático.
Importa deixar claro - na acção -
quem são as cigarras e quem são as formigas. Não basta a retórica de um líder
desgastado.
O PSD só pode ambicionar a
vitória. É essa exigência que qualquer social democrata deve fazer a Passos
Coelho. Contentar-se com as vitórias do passado é continuar a viver numa redoma
de vidro que apenas garantirá que nada muda.
Neste momento chave nenhum líder
de nenhum partido combate os seus adversários apresentando derrotas. Neste momento
chave para o PSD só a vitória importa porque só ela trás e garante futuro e
estabilidade.
A não concretização desse
objectivo seria um rude golpe não só para a direcção, mas para todo o coletivo
social-democrata.
Há momentos em que é preciso apelar à mobilização geral,
ignorando momentaneamente divergências internas, por muito profundas que possam
ser.
Assim deve ser em nome de valores
mais altos.
Artigo publicado na edição on-line do Jornal Publico de 6 de Agosto:
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